Como motivar crianças do interior de Minas Gerais a descobrir e valorizar a cultura da própria região? É esse desafio que produziu, no Instituto Alexa, a iniciativa de retomar a história de grandes personalidades do Triângulo Mineiro.
O primeiro artista escolhido foi Xavantinho. Mineiro de Uberlândia, nasceu em 1942, no distrito de Cruzeiro dos Peixotos. Cresceu na cultura das lavouras, teve infância sofrida com a perda do pai, mas levou a música caipira para todo o Brasil ao lado do irmão, Pena Branca.
“Xavantinho é um dos ícones da música popular brasileira. Tanto que grandes nomes da MPB gravaram músicas de Pena Branca e Xavantinho. Isso chama muita atenção, principalmente por se tratar de música raiz“, explica Roberta Jannini, gerente de projetos do Instituto Alexa.
A organização social alia educação, cultura e meio ambiente para despertar em crianças e adolescentes a consciência crítica. “A ideia da série ‘Personalidades da Nossa Região’ é valorizar o artista local nos diferentes tipos de arte. O caso da música, teatro, dança, literatura, enfim, nossa região é muito rica em talentos“, diz Roberta.
Pena Branca e Xavantinho nunca negaram as origens. Após anos nos distritos, mudaram-se para o bairro Patrimônio, ainda na década de 1960 e tiveram a primeira oportunidade de se apresentar no rádio em uma emissora do Grupo Paranaíba.
Andréa Cristina de Paula, pesquisadora da Universidade Federal de Uberlândia, produziu seu Mestrado em Linguística com base na história da dupla e explicou o episódio em sua pesquisa.
“Foi na Rádio Educadora de Uberlândia, com o nome de José e Ranulfo. O apresentador, conhecido como Coronel Hipopota, achou estranho o nome e sugeriu que eles adotassem outro“, anotou Andréa.
Pena Branca e Xavantinho carregaram Uberlândia no coração enquanto faziam sucesso pelo Brasil. Tentaram a sorte em São Paulo e foram ‘apadrinhados’ por Inezita Barroso. Chegaram ao ápice quando somaram a interpretação da música caipira com as composições da MPB, principalmente de Milton Nascimento.
Com quatro prêmios Sharp e milhares de discos vendidos, eles se fixaram no cenário da música brasileira, mesmo em um momento de renovação do sertanejo, com a chegada de nomes como Leandro e Leonardo, Zezé Di Camargo e Luciano e outros.
Cantaram juntos até o fim, quando o caçula Xavantinho partiu, em 1999. Pena Branca seguiu em carreira solo até 2010, quando também nos deixou para sempre.
A retomada da história de grandes artistas da nossa região é parte de uma iniciativa do Instituto Alexa nas redes sociais. Para as ações desenvolvidas pela entidade, com crianças em situação de vulnerabilidade, é mais um exemplo de superação e sucesso.
“É muito importante que esses jovens conheçam os talentos de nossa terra e percebam que é possível se tornar um deles. Desde que haja disciplina e determinação”, finaliza Roberta Jannini.
Fundada em 2010 pelo empresário Alexandre Biagi, a entidade é uma Organização da Sociedade Civil sem fins lucrativos. Aliando educação e cultura, o instituto mobiliza crianças e adolescentes em projetos que permitem o desenvolvimento crítico e social. O Instituto Alexa apoia centenas de crianças em suas atividades, mesmo de forma remota, durante a pandemia de Covid-19. Saiba mais aqui.
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