O jornalista Zeca Camargo foi condenado, na última terça-feira (23), a pagar R$ 60 mil ao pai de Cristiano Araújo e à empresa que cuidava da carreira do cantor, que morreu em um acidente de carro em 2015. A juíza Rozana Fernandes Camapum entendeu que houve danos morais na crônica publicada pelo jornalista logo após a morte do cantor.
O apresentador pode recorrer da sentença. Durante o processo, ele “negou que tenha ofendido a honra e a imagem do falecido e saudoso cantor Cristiano Araújo”. Na época, Zeca chegou a pedir desculpas publicamente a família do artista e a todos os cantores e admiradores da música sertaneja.
Na sentença, a juíza afirma que o jornalista não respeitou o momento do luto do pai, família, empresário e fãs. “Não teve o mínimo de compaixão e sensibilidade e no seu egoísmo e narcisismo, com pensamento de autoridade acerca do que deve ser considerado bom ou não, passou a agredir aquele que já não tinha defesa”, destaca.
Rozana também salientou que a crônica “desmerece inteiramente a imagem de Cristiano Araújo com uso de ‘subterfúgios e tom despropositadamente escandalizado ou artificioso e sistemática dramatização’ para dizer que o público e os fãs não eram dele, mas sim pessoas carentes de paixões e heróis e, tão somente por isto, arrastaram-se ao seu velório”.
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Relembre o caso
No dia 27 de junho de 2015, Zeca Camargo narrou uma crônica escrita por ele mesmo, durante o ‘Jornal das Dez’, na Globo News. O jornalista falou sobre a comoção nacional gerada pela morte trágica do cantor Cristiano Araújo.
No texto, Zeca questionou a quantidade de pessoas que não faziam ideia de quem era Cristiano Araújo, mas mesmo assim, partiram para um abraço coletivo. O jornalista comparou o ocorrido com outras mortes que causaram comoção parecida, como os casos de Ayrton Senna, Kurt Cobain, Mamonas Assassinas, Princesa Diana e Michael Jackson. “Mas, Cristiano Araújo? Sim, Lady Di, Mamonas, Senna, todos esses eram, guardadas as proporções, ídolos de grande alcance. Como então fomos capazes de nos seduzir emocionalmente por uma figura relativamente desconhecida?”, afirmou.
Para ele, a explicação está na ‘pobreza da alma cultural brasileira’. “Ao nos mostrarmos abalados com a ausência de Cristiano, acreditamos estar, de fato, comovidos com a perda de um grande ídolo. Todos sabemos que não é bem assim. O cantor talvez tenha morrido cedo demais para provar que tinha potencial para se tornar uma paixão nacional, como tantos casos recentes”, questionou o jornalista.
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